segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Eu sou Renovação Carismática Católica, eu amo a RCC!

Eu sou Renovação Carismática Católica, eu amo a RCC!
Essa frase grita em meu coração por 22 anos de caminhada, desde o dia que fui batizado no Espírito Santo em abril de 1994, em um retiro de Experiência de Oração em Palotina, Paraná. Não tinha a compreensão de como seria a minha vida a partir daquele momento e o que Deus tinha preparado pela frente. Mas tinha uma certeza: eu queria ser carismático!
Mesmo sem saber e conhecer o Movimento, era algo que gritava em meu coração, tinha encontrado meu lugar, que daria sentido em minha vida e história.  Era através dessa graça que gostaria de viver, servir a Jesus Cristo. Não consigo imaginar o que seria de mim sem a graça do Batismo do Espírito Santo, sem o Grupo de Oração (GO), sem a Renovação Carismática.
Sempre tive uma leitura própria dos tempos e também da RCC. Por isso, sempre nas provações e dificuldades, separei a ação humana, que às vezes é pecadora, da graça que é nosso Movimento. Porque um dia fiz uma escolha, e ainda hoje essa escolha é viva no meu coração, de dar a vida por Jesus Cristo na RCC.  Viver essa graça não para agradar as estruturas ou pessoas, mas sim por um chamado de Jesus! É claro que a vivência com irmãos é fundamental, o viver em comunidade é pilar de nossa identidade.
Eu faço parte da terceira geração de carismáticos do Brasil, geração de 90, e vejo aqui a importância da história em nossa vida e chamado. Olhar para o passado e ver quem somos, de onde viemos, para olhar e sonhar o futuro. E minha geração é fruto da primeira e segunda, dos pioneiros da RCC, somos uma reposta à fidelidade de nossos irmãos.
Sempre falei para meu amigo e pai de caminhada, Reinaldo Beserra, que nós éramos resposta a sua fidelidade e a de muitos que deram sua vida por Jesus na RCC, que ele poderia olhar para nós e perceber o quanto valeu a pena ser fiel a esse chamado. E ainda mais, que nossa geração não veio para substituir, ocupar o lugar das gerações que deram sua vida, mas sim em resposta.
Não somos um time de futebol que quando estamos velhos ou não jogando bem tem que se aposentar ou ser substituído. Muito pelo contrário, precisamos estar juntos na missão para que tenhamos o equilíbrio entre o novo e o velho, ou seja, os dois se completam.
É assim que temos que viver essa graça, e sei de lugares no Brasil e no mundo que se vive isso de maneira linda, e com isso o nosso Movimento cresce em todos os sentidos, mas principalmente em maturidade. Os 50 anos é um momento oportuno para nos revermos em muitos aspectos. Temos também exemplos ruins por falta de maturidade.
Em muitas realidades e instâncias de coordenação quando um coordenador é escolhido para um mandato às vezes se acha “salvador da pátria”, pensa que vai salvar o mundo. E tem a falsa modéstia e orgulho de que vai resolver os problemas da RCC focando somente nos problemas, se perde a visão da graça, da benção que transcorre na história de nosso Movimento.  Com isso passa por cima de tudo e todos, tudo é novidade, pensando que inventou a roda ou fogo. Isso é triste. A beleza está em honrar nossos irmãos, sem medo de ser comparado sendo dirigido pelo Espírito Santo, consciente do chamado e da unção do seu tempo, olhando somente para graça com olhar profético, sem valorizar as fragilidades e problemas que temos, mas com alegria supere-los, acreditando na providencia de Deus.
Sabemos que às vezes os irmãos que nos antecederam e outras lideranças são difíceis, complicadas, mas com amor podemos quebrar as barreiras. Em muitos lugares já presenciei mudanças de estatuto e regimento para privar os antigos líderes de participarem das reuniões de grupo ou dioceses. Não podemos pensar em nós, no melhor para nós e sim para nosso Movimento. O grande desafio é conviver com essas diferenças, e tenho certeza que no amor é possível, na caridade. Porque precisa deste equilíbrio, não podemos competir entre nós, somos servos.

Mas graças a Deus as bênçãos é o amor, essa maturidade, têm prevalecido em grande parte de nossas realidades. Falo isso porque não somente observei, mas testemunhei quando estive na coordenação diocesana de Foz do Iguaçu, e ainda percebo essa realidade na diocese, o amor prevalece, e quando existe amor há unidade, fraternidade; e mais ainda, há uma Renovação verdadeiramente Carismática.
Oremos, e como irmãos, olhemos com maturidade para a história, e quem fez parte dela, para conseguirmos com humildade caminhar para os próximos 50 anos de nosso Movimento.

abraço Fraterno!

Márcio Zolin

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Sereis Minhas Testemunhas...

“E Sereis minhas testemunhas...” Atos 1,8

No dia 05/09 recebi um convite especial para pregar na Diocese de Foz do Iguaçu sobre esse tema, foi uma experiência linda da ação de Deus, por isso gostara de partilhar essa reflexão.

Temos um mandado dado pelo próprio  Jesus, em Marcos 16,15 “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” Esse mandato é atual, não podemos perder ele de vista em nossa caminhada, em nosso chamado, principalmente nós que fomos batizados no Espírito Santo.

E Jesus diz que seremos suas testemunhas em todo mundo, por isso Ele derramaria o Espirito Santo. Algo que podemos ter certeza que Pentecostes, como dizia o Bispo e grande amigo Dom José Azcona, resulta em missão. A experiência de Pentecostes faz isso em nosso coração.

Mas essa missão que recebemos, esse mandato deverá ser cumprido como? Em nossas vidas? Em nossos GOs? 

a.    No poder do Espirito Santo: Quando os apóstolos receberam em Pentecostes o Espirito Santo, eles testemunhavam no poder do Espirito Santo, o Evangelho desde o inicio foi disseminado no poder do Espirito Santo (Paresia). Jesus sabia que sem o Espirito Santo os apóstolos não conseguiriam exercer esse mandato, sem estar revestido do Seu poder. Para que a nossa missão seja cheia do poder do Espirito Santo temos que estar revestidos dessa graça.

b.    No testemunho: A Promessa feita por Jesus em Atos 1,8 se cumpriu em Pentecostes. O Batismo do Espirito Santo tem uma finalidade: tornar-nos testemunhas de Jesus. Os dons e a manifestação do poder de Deus tem um objetivo em nossos Grupos de Oração e em nossa vida: tornar-nos testemunhas de Jesus. Percebemos isso muito forte nos primeiros cristãos, nas primeiras comunidades. Mas o que eles testemunhavam?

1.    Testemunhavam  o poder do Espirito Santo, os sinais, prodígios e maravilhas: Esse é um grande desafio que não podemos perder de vista e de nossa vivência carismática. Algumas vezes ficamos perdendo tempo comparando o hoje e o ontem em nossa vida e na Renovação. Esses sinais e maravilhas são atuais, mas temos que estar cheios do Espirito Santo e abertos para o que Jesus pode fazer hoje em nossa pregação, em nosso testemunho e na vida dos irmãos. Não podemos limitar a ação do Espirito Santo. Temos que tomar cuidado para que técnica, o conhecimento humano, a autossuficiência, não seja um limitador do poder de Deus. Não podemos achar que se um dia fomos usados com poder e milagres isso é automático, como ligar e desligar de um botão, ou porque já tenho toda a formação e capacidade humana, quase um profissional da graça. Tudo isso é bom, mas sem a Graça, sem estar revestido do poder do Espirito Santo, não vamos cumprir nosso mandado como Jesus deseja. Precisamos viver essa experiência todos os dias de nossa vida para não sucumbirmos.

2.    Na pregação da Palavra: Os apóstolos pregavam com poder  e autoridade. A pregação da Palavra é o principal instrumento de nossa missão sob a ação do Espirito Santo. Em Atos 4, 23-31, percebemos o testemunho das primeiras comunidades onde eram coagidos a não anunciar o nome de Jesus, mas eles não tinham medo, não se curvavam perante as dificuldades e perseguição, clamava ainda mais a Deus pedindo para ser revestida do poder do Espirito Santo. Com ousadia intrepidez, pedia mais do Espirito Santo. Isso é lindo e serve como modelo para nós. Mas hoje os nossos desafios são diferentes, temos muita liberdade para anunciar, talvez os maiores desafios são internos. Temos que tomar cuidado de não nos fecharmos em nós mesmos, na “pastoral da conservação”. Achamos que estamos evangelizando, mas estamos girando em torno de nós, instrumentalizando o Grupo e a missão para beneficio próprio. E pior quando usamos a missão e o Grupo como um meio de fuga de nossa  realidade e um palco para suprir nossas carências. Mas Graças a Deus isso é minoria, temos Grupos de Oração e homens e mulheres cheios do poder do Espirito Santo.
a.    Quando olhamos para os primeiras comunidades em Atos 4, 29-30, percebemos algumas características que devem nos inquietar:
  • ·         Consciência de sua missão no mundo;
  • ·         Unida;
  • ·         Se amavam de verdade;
  • ·         Internamente estava pegando fogo;
  • ·         Desejava anunciar a Jesus Cristo;
  • ·         Obediente ao mandato de Jesus.


 b.    Era uma comunidade com muitos desafios mas rezava, clamava a Deus: “Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que com todo o desassombro anunciem a Vossa Palavra. Estendei a Vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo Nome de Jesus, Vosso Santo Servo!” E Deus os atendeu: “Mal acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram com intrepidez a Palavra de Deus.” (Atos 4,31).  Basta clamarmos e Deus vai nos dar a graça do Seu poder. Não podemos aceitar que nossas vidas e nosso Grupo estejam enfermos, a nossa missão é sermos canais da cura de Deus, por isso temos que clamar como os primeiros cristãos: queremos mais Espirito Santo!

Amigos, precisamos remover os obstáculos que criamos e sempre estão se colocando em nosso chamado; os mesmos nem sempre estão nas estruturas, nas coordenações... está em nós, na falta ou ausência de uma nova Experiência do Espirito Santo. Temos que voltar ao foco, perdemos tempo com coisas periféricas, brigas, disputas, animosidades, intrigas, tudo isso nos tira daquilo que é essencial em nossa vida, nosso chamado e mandato: ser testemunha de Jesus Cristo em todo mundo, e seremos se nos abrirmos todos dias a uma experiência poderosa do Espirito Santo.

Abraço Fraterno!

Márcio Zolin


domingo, 9 de março de 2014

O amor é o Dom supremo - Onde esta meu irmão

DEUS É O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE AMOR - Onde está meu irmão?

Olá meus amigos, gostaria de fazer uma reflexão sobre o “Verdadeiro Amor”, partindo de minha experiência de 20 anos de caminhada da Renovação Carismática e passando por todas as etapas de caminhada de um servo, como também participando de todos os níveis de coordenação de nosso movimento: diocesano, estadual e nacional e com muitas experiências no mundo.

I cor 13, 1 – 13 “1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. 2 Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. 3 Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! 4

Paulo nos leva a entender o verdadeiro amor, por que seu significado é Deus. O amor como maior dom, mas por que? Fico pensando como vivemos isso em nossas realidades nos Grupos de Oração e nas instâncias de coordenação, que em muitas vezes se tornam instâncias de poder.
Tive uma das experiências mais extraordinárias desse amor quando vivi 10 anos de minha vida carismática em Foz do Iguaçu. Foi logo no inicio de minha caminhada, muito jovem, onde aprendi e foi colocada no meu DNA carismático essa prática.

Porque não basta sentir. Para que seja completo precisa se tornar uma prática, um exercício diário de dar e receber. Assim é nosso relacionamento com Deus: à medida que fui me abrindo, meu coração foi recebendo mais e mais o amor de Deus.

Nesse tempo aprendi que as pessoas são as pedras vivas que formam o nosso movimento, o maior bem, grande tesouro. As estruturas, com o amadurecimento de nosso movimento, foram feitas para estrutura e não para as pessoas. Temos que lutar pelas pessoas acima de tudo.
Em nossas fraquezas observei muitas vezes que em diferentes realidades não por maldade, mas por falta de habilidade, acho que posso dizer assim, tornamos nossos relacionamentos que deveriam ser construídos no amor, que é fruto da ação poderosa do Espírito Santo, “utilitaristas”.

Os nossos servos, as pessoas que chamamos de irmãos, utilizamo-los como uma empresa usa do serviço de seus colaboradores: enquanto tem saúde, vitalidade, capacidade, disciplina,  ânimo; enquanto traz lucros, benefícios para empresa é útil. Acima de tudo é a saúde da empresa. Nas primeiras dificuldades demitimos. Essa é a prática do mercado. Mas não é a prática de homens e mulheres que administram no Espírito uma obra de Deus. Não é assim que lidamos com os filhos de Deus.

O verdadeiro amor não permite nos tratarmos assim! Quantos irmãos, amigos que perderam a fé porque se sentiram usados. Infelizmente temos habilidade de lidar com os dons de nossos irmãos e não com as fraquezas. Esquecemos que amamos a pessoa com suas qualidades e suas fraquezas e temos que ajudar na dor, nas alegrias, mas principalmente quando o mesmo passou por um momento difícil.

No serviço de Deus não é como um jogo de futebol que, se não esta jogando bem, somos substituídos. No time de Jesus todo tem lugar. A nova geração não veio para substituir os mais velhos e sim é uma consequência de sua fidelidade, precisa ter o equilíbrio entre o antigo e o novo.

Acredito que todos nós já passamos por essa experiência, e louvo a Deus por nossa fidelidade, por não perdermos a fé. Lutamos tanto pela obra de Deus, pelo nosso movimento que amamos, mas não podemos esquecer que essa luta é por pessoas.

Para terminar, nesses dias passamos por uma experiência muito forte da ação de Deus com a enfermidade da Mariana. Deus se utilizou desse momento de dor para transformar nossas vidas e para percebermos o que é importante nela. E o mais importante é permanecer fiel a Jesus. O mais importante é transportar esse amor derramado em nossos corações para prática de vida fraterna e transformarmos o mundo. O mais importante é a vida.

Tudo passa. Tudo menos o amor. Louvo a Deus pela minha esposa, pela minha família, pelos meus irmãos de renovação, pelos meus amigos. E que Deus nos dê a graça de uma grande efusão de seu amor. Com amor, tem unidade. Com amor, vencemos as limitações humanas. Com amor construímos a civilização do amor.

Abraço fraterno!

Marcio Zolin

sábado, 17 de setembro de 2011

Alma do Mundo

Queridos Sentinelas, a paz de Jesus!

Abaixo tem um texto que vai nos ajudar a refletir sobre nossa caminhada, nossa identidade de cristãos, e autenticidade do nosso sim e testemunho. Quando falamos ou escrevemos sobre isso, temos que voltar aos primeiros cristãos. Voltar para entender a nossa missão, compreender o como viver a cultura de pentecostes nos tempos de hoje, oque significa a tão sonhada civilização do amor.

Queridos sentinelas, o nosso projeto pessoal de vida é fundamentado no evangelho? nosso testemunho de jovens cristãos tem atraído jovens para Jesus? o centro de nossa evangelização  é Jesus? Ser de Jesus, e dar testemunho cada vez mais e loucura para mundo, vivemos essa realidade na Europa, no Brasil ainda as pessoas são abertas a receber a verdadeira mensagem de salvação. Para isso não tenhamos medo de sermos verdadeiros arautos do evangelho, com nossa vida e depois com palavras.

Que esse essa reflexão nos ajude a compreender tantas inquietudes.



A ALMA DO MUNDO
Meu irmão, minha irmã, eu peço que você leia com atenção o breve texto abaixo, que retrata um estilo de vida que muito nos diz respeito:

“Eles estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos e, desse modo, lhes é dada a vida; são pobres, e enriquecem a muitos; carecem de tudo, e têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida” (carta a Diogneto, n. 5).

Você certamente já percebeu  sobre quem o autor está falando. Esse é um texto muito antigo, escrito nos inícios da propagação da fé cristã.

Nas origens, aqueles que eram “autenticamente” cristãos davam esse tipo de testemunho, tanto que muitos estudiosos, que se dedicam a analisar a vida das primeiras comunidades cristãs, atestam que a mensagem evangélica, a fraternidade vivida nos grupos e o testemunho de santidade, indo até o martírio, levaram muitos a aderirem à nova religião.

Na sequência do texto, o autor diz: “Em poucas palavras, assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo”. Eles, os cristãos, davam vida ao mundo!
E com quem aprenderam a ser assim? Com o Senhor Jesus, claro! Sim, os cristãos, verdadeiramente fiéis, imitavam Jesus Cristo, tendo por base a Doutrina propagada pelos apóstolos.

E quanto a nós? Se alguém se dedicar a nos observar e retratar o nosso estilo de vida, hoje, como irá nos descrever? Nós, que somos católicos, que frequentamos a Missa, Grupos de Oração, que imagem passou aos que nos conhecem, convivem conosco?

É necessário que façamos essa autoavaliação, porque temos o compromisso de dar testemunho de vida.  Esse é um eficaz meio de evangelização, como nos ensina Paulo VI (Evangelli Nuntiandi, n. 41).

Então, como estamos vivendo? Como temos conduzido nossa vida? Nossos pensamentos, sentimentos, ações são parecidos com os de Jesus?

Em quem nos espelhamos? Qual o papel dos Evangelhos em nossa vida? Eles pautam nosso agir? O que Jesus ensinou, nós buscamos fazer? Temos nos esforçado para isso?
Recebemos uma missão: ser “rosto e memória de Pentecostes”. Devemos mostrar ao mundo a face do cristianismo autêntico; não deixar cair no esquecimento o modelo de vida de nossos pais na fé. Isso é reimplantar uma cultura que já esteve fortemente presente na humanidade. Somos chamados a resgatar, na força que vem do alto, a “Cultura de Pentecostes”.

Somente cheios do Espírito Santo poderemos viver como Jesus viveu. Somente o Paráclito pode nos dar coragem para anunciar, viver o amor fraterno, a santidade. Clamemos sem cessar por sua presença, para que o mundo veja e creia.

Em Cristo,
Lúcia V. Zolin
Coord. nacional da Comissão e do Ministério de Comunicação Social da RCCBRASIL





Juventude carismática, assuma o protagonismo desse tempo!


Em mais uma catequese, o coordenador nacional do Ministério Jovem, Márcio Zolin, convida a juventude carismática ao protagonismo nestes tempos, nos incentiva a uma séria reflexão. Nós convidamos você a investir uns poucos minutos para a sua leitura. Leia, pense e partilhe!

“Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto a Ti. Pai Santo, guarda em teu nome os que me deste, para que sejam um como nós” (Jo 17,11).
Uma oração do Filho para o Pai. Uma oração feita em favor de seus discípulos e na qual fomos incluídos: “não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra crerão em mim” (Jo.17,20). É comovente saber que nós, seus seguidores de hoje, estávamos naquele pedido do Senhor. Emoção que vem carregada de forte dose de responsabilidade. Afinal, temos nos esforçado para realizar esse desejo de unidade do coração do nosso Senhor?
É algo sobre o qual temos que pensar seriamente. Porque o mal tem agido de forma muito bem articulada. Propagado conceitos quase em uma só voz. Dissemina-se em programas de televisão, pela internet e em tantos outros instrumentos de comunicação. Não! Não estamos culpando os meios! Estes podem ser usados para o bem ou para mal. O problema é que os mesmos têm sido empregados largamente para difundir valores que ferem os ensinamentos de Jesus Cristo. A fé da Igreja Católica!
Vejam quantas novelas tentando promover falsas doutrinas, desprestigiando o cristianismo. Por que será que os católicos são sempre apresentados como neuróticos nas novelas? Por que usam o Santo nome de Jesus, sempre em tom de desequilíbrio? Vejam a articulação promovida por muitos meios contra valores que fazem parte da nossa essência: como a castidade, simplicidade e humildade. A vida de santidade é desprezada. E tudo isso com trilha sonora. Já perceberam que sempre toca uma “musiquinha” romântica? O casal que acabou de se conhecer, no filme, por exemplo, passa a ter uma vida íntima. A mulher casada, porque tem algum problema no casamento, trai seu marido. E tudo parece tão normal, ao som de uma linda canção....
E quanto a nós? O que temos feito? Será que estamos vivendo a unidade, em nossos Grupos, obedecendo às moções dadas pelo Senhor? Ou temos cuidado apenas da própria vida, enquanto a cultura da morte vai ganhando terreno e reinando absoluta? Tomemos por exemplo a campanha de assinaturas contra o aborto. Faz mais de quatro anos que demos inicio a esta mobilização nacional para reunir um milhão de assinaturas e ainda nos faltam mais de cento e trinta mil.
Vamos nos unir e trabalhar juntos? Vamos aderir às mesmas causas? Vamos encher a internet com o cristianismo? Mostrar a voz e o rosto de Cristo no mundo virtual?
Vamos fazer que nossa juventude carismática assuma o protagonismo deste tempo.
Em Cristo Jesus. Abraço fraterno!
Márcio Zolin
Coordenador Nacional do Ministério Jovem/RCC Brasil 

Um tempo favorável de graça


Queridos Sentinelas de todo Brasil.
Estamos vivendo um tempo favorável de graça, estamos nos aproximando de nosso encontro nacional de jovens no Rio de Janeiro. Senti que esta homilia de nosso Papa Bento XVI que nos falar muito para esse momento que estamos vivendo. Ele fala sobre coisas que são da espiritualidade carismática, e até mesmo usa o termo batismo do Espírito Santo explicando o que é o seu significado.
Temos esse grande chamado de vivermos em nossa vida e juventude o apostolado do Espírito Santo. Mas o grande questionamento que temos que fazer em nosso chamado no Ministério Jovem em nossas paróquias, dioceses e estados : “ Amados jovens, permiti que vos ponha agora uma questão. E vós o que é que deixareis à próxima geração? Estais a construir as vossas vidas sobre alicerces firmes, estais a construir algo que há-de durar? Estais a viver a vossa existência de modo a dar espaço ao Espírito no meio dum mundo que quer esquecer Deus ou mesmo rejeitá-Lo em nome de uma falsa noção de liberdade? Como estais a usar os dons que vos foram dados, a «força» que o Espírito Santo está pronto, mesmo agora, a derramar sobre vós? Que herança deixareis aos jovens que virão? Qual será a diferença impressa por vós?”
Qual a marca que estamos deixando impressa no mundo de hoje? O que deixaremos para jovens que virão? Estamos fazendo a diferença? Estamos usando o Ministério Jovem como estratégia de Deus para mudar o mundo e implantar a civilização do amor?
Jovens neste tempo devemos nos desgastar pelo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, temos que eliminar em nosso meio interesse pessoal, as nossas vaidade. Não podemos construir um trabalho centralizado em nós mesmos. Temos que deixar uma marca para os jovens que virão, e uma delas e de santos, jovens realmente santos que não negociam com mundo, que tentam transformar o mundo, mas sem se misturar com mundo, tendo em seu rosto sempre as marcas de Jesus.
O Ministério Jovem deve produzir para mundo para Igreja e para jovens, SANTOS. Jovens, é tempo de santificarmos o mundo através de nossas vidas, vivendo a radicalidade do evangelho.
Vamos convocar a nossa juventude que tem uma experiência profunda de pentecostes a implantarmos a cilivização do amor.
Aprofundemos essa partilha com a homilia de nosso Papa.
 «Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós» (Act 1, 8). Vimos hoje cumprida esta promessa. No dia de Pentecostes, como ouvimos na primeira leitura, o Senhor ressuscitado, sentado à direita do Pai, enviou o Espírito sobre os discípulos reunidos no Cenáculo. Com a força deste Espírito, Pedro e os Apóstolos foram pregar o Evangelho até aos confins da terra. Em cada idade e nas mais diversas línguas, a Igreja continua a proclamar pelo mundo inteiro as maravilhas de Deus, convidando todas as nações e povos a abraçar a fé, a esperança e a nova vida em Cristo.
(…) Rezo para que esta grande assembleia, que congrega jovens «de todas as nações que há debaixo do céu» (Act 2, 5), se torne um novo Cenáculo. Que o fogo do amor de Deus desça sobre os vossos corações e os encha, a fim de vos unir cada vez mais ao Senhor e à sua Igreja e enviar-vos, como nova geração de apóstolos, para levar o mundo a Cristo.
(…) De facto, em cada Missa o Espírito Santo, invocado na oração solene da Igreja, desce novamente não só para transformar os nossos dons do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, mas também para transformar as nossas vidas fazendo de nós, com a sua força, «um só corpo e um só espírito em Cristo».
Mas, o que é este «poder» do Espírito Santo? É o poder da vida de Deus. É o poder do mesmo Espírito que pairou sobre as águas na alvorada da criação e que, na plenitude dos tempos, levantou Jesus da morte. É o poder que nos conduz, a nós e ao nosso mundo, para a vinda do Reino de Deus. No Evangelho de hoje, Jesus anuncia que começou uma nova era, na qual o Espírito Santo será derramado sobre a humanidade inteira (cf. Lc 4, 21). Ele próprio, concebido por obra do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, veio habitar entre nós para nos trazer este Espírito. Como fonte da nossa vida nova em Cristo, o Espírito Santo é também, de modo profundamente verdadeiro, a alma da Igreja, o amor que nos une ao Senhor e entre nós e a luz que abre os nossos olhos para verem as maravilhas da graça de Deus ao nosso redor.
Aqui na Austrália, nesta grande «Terra Austral do Espírito Santo», tivemos todos uma inesquecível experiência da presença e da força do Espírito na beleza da natureza. (…) Também aqui, nesta grande assembleia de jovens cristãos vindos de todo o mundo, tivemos uma experiência concreta da presença e da força do Espírito na vida da Igreja. Vimos a Igreja na profunda verdade do seu ser: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, que engloba pessoas de toda a raça, nação e língua, de todos os tempos e lugares, na unidade que brota da nossa fé no Senhor ressuscitado.
A força do Espírito não cessa jamais de encher de vida a Igreja. (…)
No entanto esta força, a graça do Espírito, não é algo que possamos merecer ou conquistar; podemos apenas recebê-la como puro dom. O amor de Deus pode propagar a sua força, somente quando lhe permitimos que nos mude a partir de dentro. Temos de O deixar penetrar na crosta dura da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo com o espírito deste nosso tempo. Só então nos será possível consentir-Lhe que acenda a nossa imaginação e plasme os nossos desejos mais profundos. Eis o motivo por que é tão importante a oração: a oração diária, a oração privada no recolhimento dos nossos corações e diante do Santíssimo Sacramento e a oração litúrgica no coração da Igreja. A oração é pura receptividade à graça de Deus, amor em acto, comunhão com o Espírito que habita em nós e nos conduz através de Jesus, na Igreja, ao nosso Pai celeste. Na força do seu Espírito, Jesus está sempre presente nos nossos corações, esperando serenamente que nos acomodemos em silêncio junto d’Ele para ouvir a sua voz, permanecer no seu amor e receber a «força que vem do Alto», uma força que nos habilita a ser sal e luz para o nosso mundo.
(…) Amados jovens, permiti que vos ponha agora uma questão. E vós o que é que deixareis à próxima geração? Estais a construir as vossas vidas sobre alicerces firmes, estais a construir algo que há-de durar? Estais a viver a vossa existência de modo a dar espaço ao Espírito no meio dum mundo que quer esquecer Deus ou mesmo rejeitá-Lo em nome de uma falsa noção de liberdade? Como estais a usar os dons que vos foram dados, a «força» que o Espírito Santo está pronto, mesmo agora, a derramar sobre vós? Que herança deixareis aos jovens que virão? Qual será a diferença impressa por vós?
A força do Espírito Santo não se limita a iluminar-nos e a consolar-nos; orienta-nos também para o futuro, para a vinda do Reino de Deus. Que magnífica visão duma humanidade redimida e renovada entrevemos na nova era prometida pelo Evangelho de hoje! (…) A efusão do Espírito de Cristo sobre a humanidade é um penhor de esperança e de libertação contra tudo aquilo que nos depaupera. Tal efusão dá nova vista ao cego, manda livres os oprimidos, e cria unidade na e com a diversidade (cf. Lc 4, 18-19; Is 61, 1-2). Esta força pode criar um mundo novo, pode «renovar a face da terra» (cf. Sal 104, 30).
Uma nova geração de cristãos, revigorada pelo Espírito e inspirando-se a uma rica visão de fé, é chamada a contribuir para a edificação dum mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada amorosamente, e não rejeitada nem temida como uma ameaça e, consequentemente, destruída. Uma nova era em que o amor não seja ambicioso nem egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitador da sua dignidade, um amor que promova o bem de todos e irradie alegria e beleza. Uma nova era na qual a esperança nos liberte da superficialidade, apatia e egoísmo que mortificam as nossas almas e envenenam as relações humanas. Prezados jovens amigos, o Senhor está a pedir-vos que sejais profetas desta nova era, mensageiros do seu amor, capazes de atrair as pessoas para o Pai e construir um futuro de esperança para toda a humanidade.
O mundo tem necessidade desta renovação. Em muitas das nossas sociedades, ao lado da prosperidade material vai crescendo o deserto espiritual: um vazio interior, um medo indefinível, uma oculta sensação de desespero. Quantos dos nossos contemporâneos escavaram para si mesmos cisternas rotas e vazias (cf. Jer 2, 13) à procura desesperada de sentido, daquele sentido último que só o amor pode dar!? Este é o dom grande e libertador que o Evangelho traz consigo: revela a nossa dignidade de mulheres e homens criados à imagem e semelhança de Deus; revela a sublime vocação da humanidade, que é a de encontrar a própria plenitude no amor; desvenda a verdade sobre o homem, a verdade sobre a vida.
Também a Igreja tem necessidade desta renovação. Precisa da vossa fé, do vosso idealismo e da vossa generosidade, para poder ser sempre jovem no Espírito (cf. Lumen gentium, 4). (…) A Igreja tem uma especial necessidade do dom dos jovens, de todos os jovens. Ela precisa de crescer na força do Espírito, que agora mesmo vos enche de alegria a vós, jovens, e vos inspira a servir o Senhor com entusiasmo. Abri o vosso coração a esta força. Dirijo este apelo de forma especial àqueles que o Senhor chama à vida sacerdotal e consagrada. Não tenhais medo de dizer o vosso «sim» a Jesus. (…)
Que significa receber o «selo» do Espírito Santo? Significa ficar indelevelmente marcados, inalteravelmente mudados, significa ser novas criaturas. Para aqueles que receberam este dom, nada mais pode ser como antes. Ser «baptizados» no Espírito significa ser incendiados pelo amor de Deus. «Beber» do Espírito (cf. 1 Cor 12, 13) significa ser refrescado pela beleza do plano de Deus sobre nós e o mundo, e tornar-se por sua vez uma fonte de refrigério para os outros. Ser «selados com o Espírito» significa além disso não ter medo de defender Cristo, deixando que a verdade do Evangelho permeie a nossa maneira de ver, pensar e agir, enquanto trabalhamos para o triunfo da civilização do amor. (…)

Amados jovens de língua portuguesa, queridos amigos em Cristo! Sabeis que Jesus não vos quer sozinhos; disse Ele: «Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador para estar convosco para sempre, o Espírito da verdade (…) que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós» (Jo 14, 16-17). É verdade! Sobre vós desceu uma língua de fogo do Pentecostes: é a vossa marca de cristãos. Mas não foi para a guardardes só para vós, porque «a manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum» (1 Cor 12, 7). Levai este Fogo santo a todos os cantos da terra. Nada e ninguém O poderá apagar, porque desceu do céu. Tal é a vossa força, caros jovens amigos! Por isso, vivei do Espírito e para o Espírito!



A versão integral dos discursos pronunciados pelo Santo Padre está disponível no site da Santa Sé www.vatican.va e nas várias edições do jornal L’Osservatore Romano.
Levamos essa partilha para todos nossos grupos de oração. Ousemos a dar passos concretos para transformar o mundo, partindo de nossas realidade. Ministério jovem, não temam, o Senhor esta conosco.
Abraço fraterno!
Márcio Zolin
Coordenador do Ministério Jovem RCCBrasil

segunda-feira, 6 de junho de 2011

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 45º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O 45º DIA MUNDIAL
DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
 
Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital
5 de Junho de 2011

Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas reflexões, motivadas por um fenómeno característico do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão.
Aparecem em perspectiva metas até há pouco tempo impensáveis, que nos deixam maravilhados com as possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é particularmente evidente quando nos confrontamos com as extraordinárias potencialidades da rede internet e a complexidade das suas aplicações. Como qualquer outro fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano.
No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interacção, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo.
Sobretudo os jovens estão a viver esta mudança da comunicação, com todas as ansiedades, as contradições e a criatividade própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público areópago digital dos chamados social network, leva a estabelecer novas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público.
As novas tecnologias permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para reflectir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano directo com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.
Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midia significa não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e com as novas formas de expressão, o cristão é chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd 3, 15).
O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atracção de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objecto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas directas na transmissão da fé!
Em todo o caso, quero convidar os cristãos a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está a contribuir para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (cf. Ef 1, 10). A proclamação do Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação, que estimula o coração e move a consciência; uma forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando Se fez companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração deles.
Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade.
Convido sobretudo os jovens a fazerem bom uso da sua presença no areópago digital. Renovo-lhes o convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da Juventude em Madrid, cuja preparação muito deve às vantagens das novas tecnologias. Para os agentes da comunicação, invoco de Deus, por intercessão do Patrono São Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu trabalho com grande consciência e escrupulosa profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, Festa de São Francisco de Sales, 24 de Janeiro de 2011.

BENEDICTUS PP. XVI